domingo, 6 de dezembro de 2009

" Agora eu sempre tinha pesadelos, toda noite. Não pesadelos, na verdade, não no plural, porque era sempre o mesmo pesadelo.Você acharia que eu tinha ficado entediada depois de tantos meses, que acabaria imune a ele. Mas o sonho nunca deixava de me apavorar e só terminavem quando eu me acordava aos gritos. (...)
Meu pesadelo provavelmente não assustaria outra pessoa. Nada pulava e gritava 'Buuu!'. Não havia zumbis, nem fantasmas, nem psicopatas. Não havia nada, na verdade. Só o nada. Só o labirinto interminável de árvores cobertas de musgo, tão quietas que o silêncio era uma pressão desagradável em meus tímpanos. Era escuro, como o anoitecer de um dia nublado, com luz suficiente para apenas mostrar que não havia nada há se ver. Eu corria pela escuridão sem uma trilha, sempre procurando, procurando, procurando, ficando mais frenética a medida o tempo passava, tentando andar mais rápido, embora a velocidade me deixar mais desajeitada... Depois chegava o ponto do meu sonho - e agora podia pressentí-lo, mas parecia nunca conseguir acordar antes de ele chegar - em que eu não conseguia me lembrar do que estava procurando. Era quando eu percebia de que não havia nada a procurar nem nada a encontrar. Que nunca existira nada alémd e apenas aquele bosque vazio e apavorante, e nunca haveria nada para mim... Nada de nada...
Em geral, era aí que os gritos começavam"

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